Impacto da inflação é percebido por 96% da população na hora das compras de alimentos em mercados ou feiras. Além disso, 52% dos brasileiros estão com contas e despesas bancárias em atraso
O cenário atual da economia brasileira está tirando o sono da população. 52%, mais da metade dos brasileiros afirma que eles mesmos ou algum integrante da família possuem contas em atraso. Em relação ao ano passado houve um crescimento de 4 pontos percentuais.
Para ter o panorama completo sobre a perspectiva do brasileiro sobre Economia e Emprego 2023, a Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo, conduziu uma pesquisa com mais de 2 mil respondentes de todo o Brasil sobre dívidas, expectativas, carreira e futuro.
“O momento econômico que vivemos impacta diretamente na geração de emprego e renda, e o brasileiro tem percebido isso. A pesquisa, infelizmente, mostra uma realidade de uma população mais endividada e desempregada do que em 2022. Observamos que as pessoas estão buscando formas para driblar a instabilidade que tanto afeta o bolso”, comenta Lígia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
Cartão de Crédito, continua sendo o principal vilão
O endividamento cresceu no comparativo com 2022. Agora, 52% dos brasileiros declaram que eles mesmos ou algum integrante da casa ou família estão com alguma conta em atraso. No ano passado eles representavam 48%. O cartão de crédito segue no topo das dívidas desde o ano passado, acompanhado por contas básicas, boletos, impostos e outros, acompanhe abaixo como estão divididos os 52%:
53% das dívidas são de Cartão de crédito (eram 49% em 2022)
39% das dívidas são de Concessionárias de luz, água, telefone ou gás (eram 33% em 2022)
35% das dívidas são de boleto / crédito em geral em aberto (eram 34% em 2022)
21% das dívidas são de parcela de empréstimo
20% das dívidas são de IPTU/IPVA
19% das dívidas são de cheque especial
9% das dívidas são de condomínio
Inflação: medo impacta decisão de compra
43% dos brasileiros afirmam serem muito influenciados pelas notícias (televisiva ou sites de notícias, principalmente) sobre o aumento da inflação e, a partir disso, escolhem com atenção o que realmente vão comprar. Ao mesmo tempo, uma minoria de 8% disse não sentir tanto os impactos, pois afirmam que compram os itens que necessitam na hora em que realmente precisam. Já 26% sentem as notícias econômicas e monitoram preços de produtos. 11% revelaram que fazem contas antes de irem às compras, e apenas 2% afirmam que compram tudo o que podem com receio do preço subir.
“As pessoas estão atentas ao momento e as oscilações econômicas do país. Toda informação se torna válida para uma mudança de comportamento sobre os gastos. Quanto mais esclarecimentos a população tem, mais conseguem lidar com a realidade financeira familiar e evitar novas dívidas. Vale reforçar que 11% se preocupam, mas não sabem sobre as consequências diretas da oscilação da inflação”, observa Lígia.
Na prática, o dia a dia é o principal balizador para sentir que os preços estão subindo. Para o brasileiro, a inflação passa a mexer no bolso, em diferentes momentos:
96% sentem o impacto da inflação em compras de alimentos no mercado ou na feira; (em 2022 eram 55%)
44% sentem em compras de remédios/medicamentos; (em 2022 eram 29%)
38% percebem a inflação em combustível para carro ou motocicleta; (em 2022 eram 63%)
26% notaram em refeições fora de casa
24% relatam o efeito da inflação em compras de roupas, sapatos, acessórios
11% apontaram para compra de bebidas no mercado
8% sentiram no pagamento de escola ou material escolar
Preço como fator principal na jornada de compra
Para driblar a instabilidade econômica, 57% dos brasileiros afirmam fazer troca de produtos que costumam comprar por outros similares caso haja aumento de preço. 21% das pessoas não só substituem por outro produto, como também por outra marca.
Uma minoria de 13% opta por manter a compra de sua preferência, caso possa arcar com o produto mesmo reajustado. 8% declararam que não compram até que o valor do produto volte ao preço que ele costumava comprar.
“Temos também praticamente um terço da população que busca manter suas preferências e pesquisam em outros estabelecimentos em busca do preço frequentemente pago pelo mesmo produto” diz Lígia.
Lista de compra versus Lista de desejos
Mais da metade dos brasileiros entrevistados (56%) revela que tenta economizar para comprar algo que deseja bastante. 17% declaram que conseguem se controlar mensalmente, e 27% afirmam que realmente não conseguem economizar.
Da lista de desejos, os produtos de alto valor ficaram em segundo plano. 63% das pessoas não planejam comprar itens como: smartphone, carro, e smartTV.
Desemprego
Entre os achados, o estudo mostra que 7 em cada 10 brasileiros conhecem alguém na sua rede primária (família ou amigos) que está sem emprego atualmente. As três principais dificuldades em conseguir uma vaga profissional nos últimos dois anos são: a descrição da vaga exige várias competências avançadas diferentes (44%); as empresas não têm valorizado os profissionais com +50 (42%), e que este é o resultado de uma redução geral do consumo com queda na demanda de profissionais (40%).
Para formar o ranking dos 5 maiores fatores, ainda foram citadas como causas de desemprego: a pandemia (38%) e a automação e inteligência artificial ocupando vagas de trabalho (22%).
Na hora de conquistar aquela vaga dos sonhos, o networking continua sendo a melhor alternativa e 34% dos brasileiros recorrem à indicação dos amigos. Porém, a internet é importante aliada para encontrar um emprego: 21% buscam em sites especializados; 14% no LinkedIn; e 3% em redes sociais. 19% acreditam que o caminho seja distribuir ou enviar currículos para empresas da sua área profissional e 8% creem que fazer um curso em uma área nova é um facilitador.
Luz no fim do túnel?
A expectativa do brasileiro é de piora econômica para os próximos meses, e 59% das pessoas não estão otimistas. Entre estes 59%, 24% acreditam que haverá mais dificuldade para encontrar um emprego, 35% acreditam que acontecerão mais demissões somado ao desafio da contratação. Entre os mais otimistas, 30% supõem um panorama igual e 11% acreditam que as pessoas encontrarão um emprego.
Entre segurança financeira e trabalhar com o que gosta, o primeiro fator mostrou-se como o mais importante para os brasileiros. 37% querem pagar as contas e ter sobras no fim do mês; e 15% escolhem o emprego pelo maior salário.
“Sempre pode existir uma via equilibrada para unir trabalho e prazer ao dia a dia profissional. Isso é demonstrado por 35% das pessoas que afirmam que estando entre dois empregos, aceitariam um salário um pouco menor caso seja para trabalhar com o que amam fazer; e 13% preferem continuar procurando trabalho até que consigam fazer o que gostam, pois é um critério essencial” explica Lígia.
Tipo de regime de contratação divide opiniões
A tradicional CLT, ou contratação com “carteira assinada”, ainda está nas preferências de 63%, enquanto 28% da população não demonstram preferência sobre o tipo de regime de contratação, desde que seu salário pague as contas. Os contratos via CNPJ com emissão de nota estão no topo para 6% e a contratação informal para 4%.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa “Economia e Emprego 2023” foi conduzida pela Hibou de 21 a 23 de Abril de 2023. 2060 pessoas participaram por painel digital. O estudo apresenta 2% de margem de erro a 95% intervalo de confiança.
Imagem: Mathieu Stern
0 Comentários