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Nem todo esquecimento é Alzheimer


Ao enfrentar problemas de memória, atenção e concentração, é comum surgir a preocupação com sinais de demência, como o Alzheimer. No entanto, nem sempre essas dificuldades estão relacionadas à doença. Inflamação crônica, deficiências nutricionais, sobrecarga emocional e de trabalho, impacto pós-pandemia, intoxicação por metais pesados e a influência da epigenética desempenham um papel relevante no chamado 'déficit cognitivo'


O Alzheimer é a principal preocupação quando lapsos de memória e dificuldades de concentração surgem, mas nem todo esquecimento está relacionado a essa doença. A preocupação tem fundamento, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 55 milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentam alguma forma de demência, sendo o Alzheimer responsável por 60% a 70% desses casos.

No entanto, existem diversos outros motivos que podem afetar a memória e a atenção, sem estarem ligados a demências, como a inflamação crônica inespecífica, deficiências nutricionais, sobrecarga emocional e de trabalho, o impacto pós-pandemia, intoxicação por metais pesados e outros contaminantes ambientais, bem como a influência da epigenética, desempenham um papel nessas dificuldades. Compreender a importância desses fatores auxilia na prevenção e no tratamento do chamado "déficit cognitivo".

A inflamação crônica inespecífica é um estado inflamatório persistente que pode afetar diferentes partes do corpo, inclusive o cérebro, conforme explica o psiquiatra Cyro Masci. Esse processo inflamatório pode prejudicar os processos neuronais e a comunicação entre as células cerebrais, resultando em déficits na memória, atenção e concentração. Estudos mostram que a inflamação crônica pode levar a alterações estruturais e funcionais no cérebro, danificando as células cerebrais e reduzindo a produção de neurotransmissores essenciais para a cognição.

Além da inflamação, Masci destaca que sobrecargas emocionais e biológicas provenientes do ambiente social, familiar e de trabalho podem desempenhar um papel significativo nos problemas de memória, atenção e concentração. A sobrecarga emocional crônica pode levar a uma liberação excessiva de hormônios do estresse, como o cortisol, interferindo na comunicação entre as células cerebrais. Isso pode resultar em dificuldades na formação e recuperação de memórias, além de dificuldades de concentração e atenção. Masci ressalta que relacionamentos tensos no trabalho, conflitos constantes ou problemas familiares podem criar um ambiente emocionalmente carregado, afetando a capacidade de concentração e foco. A preocupação constante com questões familiares ou problemas interpessoais pode desviar a atenção e sobrecarregar a mente, dificultando a realização de tarefas cognitivamente exigentes.

A exposição a contaminantes ambientais também pode ter um impacto significativo na memória, atenção e concentração, comprometendo a função cognitiva. De acordo com o psiquiatra Cyro Masci, metais pesados como chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio possuem propriedades neurotóxicas e podem afetar negativamente o sistema nervoso, incluindo o cérebro. Além dos metais pesados, outros contaminantes ambientais, como pesticidas, solventes orgânicos e poluentes atmosféricos, também podem ter efeitos prejudiciais sobre a função cognitiva.

Masci destaca a promissora atuação no campo da epigenética, que explora como os fatores ambientais podem afetar a expressão dos genes e influenciar o funcionamento do organismo. Nas áreas da memória, atenção e concentração, pesquisas revelam a importância crucial da regulação dos processos cognitivos. Estudos recentes apontam que as alterações na plasticidade sináptica, que é a capacidade das conexões entre os neurônios de se fortalecerem ou enfraquecerem com base na atividade neuronal, têm impacto na formação de conexões neurais em diferentes regiões cerebrais. Esses fatores desempenham um papel fundamental na consolidação e recuperação da memória, assim como na atenção e concentração.

Para Cyro Masci, a investigação das causas dos problemas de memória, atenção e concentração, e um tratamento efetivo quando necessário, são fundamentais para responder à ansiedade diante dessas dificuldades. O médico psiquiatra, que adota uma abordagem integrativa, ressalta a importância de considerar diversos aspectos do paciente, como seu estado emocional, estilo de vida e fatores ambientais, além de descartar fatores neurológicos que possam estar contribuindo. Dessa forma, é possível fornecer um cuidado abrangente e personalizado, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente.

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