Com diagnóstico precoce, a cirurgia tem resultado no desaparecimento da doença
O glaucoma já é a principal causa de cegueira irreversível no Brasil, atingindo cerca de 3% dos brasileiros com mais de 40 anos, número que triplica após os 70 anos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que o Brasil tem cerca de 2 milhões de glaucotamosos. Além disso, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 111 milhões de pessoas no mundo terão a doença até 2040.
De acordo com a pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, realizada pelo Ibope Inteligência, 41% dos brasileiros desconhecem a doença e 10% nunca foram ao oftalmologista. Além disso, 25% apontaram que vão raramente, em momentos de incômodo na região dos olhos, por exemplo; 37% disseram não se preocupar com a perda parcial da visão; e 80% não entendem que enxergar pontos pretos pode ser um sintoma de agravamento ocular. Os dados também revelaram que, entre os entrevistados, há uma desinformação em relação ao glaucoma.
Provocado pela elevação da pressão ocular, o glaucoma ataca o nervo do olho e, se não tratado adequadamente, pode levar à cegueira. Na maioria dos casos, desenvolve-se de forma lenta, no decorrer de meses ou anos, sem demonstrar nenhum sintoma e só é percebido quando o paciente começa a perder a visão periférica, no estágio já avançado da doença.
De acordo com o médico oftalmologista Fernando Pacheco Veríssimo, do Instituto Visy, clínica especializada em oftalmologia, na maioria das vezes a doença não traz nenhum sintoma ou sinal. “A pessoa vai perdendo a visão gradativamente e, quando percebe, é tarde demais”, conta. Por isso, a recomendação do especialista é de que se consulte um médico oftalmologista regularmente, para que seja feito um diagnóstico precoce do glaucoma. “Descobrir o glaucoma no início do processo aumentará as chances de cura da doença”, reforça Fernando Veríssimo.
No entanto, a preocupação da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) têm sido o hábito, cada vez mais comum entre os brasileiros, de não realizar o acompanhamento com um oftalmologista, profissional responsável pelo diagnóstico e tratamento de problemas visuais. Assim, a instituição alerta sobre a necessidade de realizar a tonometria, exame responsável por medir a pressão intraocular do olho, que deve estar entre 12 e 18, e que é fundamental para a prevenção do glaucoma.
“Para identificar o glaucoma é preciso ir além de uma avaliação primária, além de uma mera correção do grau do paciente. Isso só é possível no acompanhamento com o oftalmologista ao menos uma vez por ano, para acompanhar a pressão intraocular do paciente e prevenir o glaucoma ou tratar precocemente”, explica Fernando Veríssimo.
A doença é silenciosa e aparece com mais frequência em idosos. E quem tem casos na família, deve ficar atento: pessoas que têm parente de primeiro grau com glaucoma têm até oito vezes mais chances de ter a doença. Mas a novidade é que, apesar de crônica, a doença tem cura. “Até pouco tempo, dizia-se que o glaucoma não tinha cura porque haviam colírios para tratar e fazer o controle da doença. A consequência é que esses colírios podiam perder o seu efeito com o uso contínuo”, explica o oftalmologista.
“No entanto, com a tecnologia moderna e o advento de mini válvulas, a cirurgia tem feito com que a doença desapareça em alguns casos, como glaucoma de ângulo aberto, maligno e agudo. Para isso, é preciso detectar a doença de forma precoce pois, se tratado inicialmente, é possível fazer seu controle tanto com o uso de colírios quanto no caso de cirurgia, controlando, assim, a pressão do olho”, esclarece o médico Fernando Veríssimo.
Fatores de risco e tipos de glaucoma
Existe mais de um tipo de glaucoma com fatores de risco, sintomas e formas de prevenção que podem variar. No entanto, os principais fatores e que demandam um acompanhamento mais minucioso são pressão intraocular elevada; história familiar de glaucoma; ter idade acima de 60 anos; o uso prolongado de medicamentos à base de corticóide; doenças oculares como tumores; e problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo, além de diabetes e miopia.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, pessoas com diabetes tipo 2 têm 40% mais chance de desenvolver glaucoma. Isso acontece devido à alta quantidade de glicose na corrente sanguínea, que resulta no inchaço da lente ocular e consequente aumento da pressão do olho, quanto mais tempo os níveis de açúcar no sangue estiverem altos, maiores as chances de desenvolver glaucoma.
Já um estudo publicado pela revista científica Ophthalmology, mostra que pessoas míopes têm até duas vezes mais chances de desenvolver glaucoma, especialmente o tipo mais comum da doença: o glaucoma de ângulo aberto. De acordo com o estudo, quanto maior o grau de miopia, maiores são os riscos.
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